Mancha de vinho na roupa, limpeza de couros, bolor em fitas de vídeo. Problemas difíceis e que, caso não sejam tratados adequadamente, podem arruinar as peças. Foi pensando nessas pequenas dificuldades do cotidiano que Nenzinha Machado Salles escreveu SEBASTIANA QUEBRA-GALHO. Um guia prático para o dia-a-dia das donas de casa.
Infelizmente não há manuais para o sucesso nos negócios. Se houvesse, eu não estaria aqui.
Com a irreversível mudança no mundo, nos hábitos de pessoas e consumo, as empresas descobriram a duras penas, o quão longe a grande maioria está da tal da Transformação Digital e/ou do “Novo normal”, como dizem por aí.
Na visão da 360 Varejo, a Transformação digital é a aplicação da tecnologia para construir novos modelos operacionais, processos, software e sistemas, alavancando a convergência de pessoas, negócios e coisas. Esses avanços estão criando novos produtos, serviços e oportunidades, além de transformar as operações de negócios, permitindo às empresas gerar mais receita, obter maior vantagem competitiva e alcançar maior eficiência.
A vantagem competitiva nesta era de negócios baseia-se na captura de novas oportunidades, adaptando-se rapidamente às mudanças em um mercado ou setor da organização. Aqueles que conseguem isso rapidamente superam a concorrência, enquanto aqueles que não podem irão lutar para sobreviver.
Isto posto, vou direto ao ponto deste texto. Tecnologia não é finalidade e sim meio. Tecnologias são criadas a partir de oportunidades de negócio. Caso contrário, ninguém gastaria grana para cria-las.
Estamos assistindo a uma inversão da lógica. Diariamente assisto, ouço, leio manuais de como as empresas precisam abrir seus e-commerces, uma das pernas da Transformação Digital. Fica nítido que, no compreensível desespero de todo mundo por gerar receita, o discurso principalmente das empresas de tecnologia é muito atraente. Colocar um e-commerce em 15 dias no ar, é irresistível. Aliás, daqui para frente tem que ser assim. Rapidez. Vida é movimento.
No entanto, minha defesa aqui, claro, com prestador de serviço, é que mesmo com a tecnologia evoluindo a largos passos, nunca os fundamentos do negócio deveriam ser relegados a um segundo plano. Planejamento, finanças, pessoas, processos, gestão, enfim, todos os pilares comuns a qualquer empreendimento, sejam eles físicos ou digitais, não poderão ser ultrapassados pela tecnologia.
A tecnologia reduz o esforço e o tempo, pode reduzir a necessidade de mão de obra em todos os campos, mas a substituição completa dos fundamentos não é possível. A maior limitação da tecnologia é que ela não pode evoluir e se atualizar. Requer a intervenção de seres humanos. Não existe Skynet no mundo real, pelo menos até agora.
O poder da tomada de decisão por um humano é mais forte que um computador. A decisão de um humano é baseada na inteligência, bem como em valores e experiências. O computador é um dos dispositivos mais inteligentes de todos os tempos e essa inteligência é preenchida pela inteligência do ser humano e, portanto, um computador nunca pode atingir as qualidades que os seres humanos possuem.
Vejo com uma certa preocupação este atropelo pelas empresas fornecedores de plataforma de e-commerce. Beira a irresponsabilidade, diminuir um business inteiro a um pacote default de scripts, servidores e 15 dias. Como pensar em um negócio, que provavelmente será o core das empresas daqui para frente em um lapso temporal de 2 semanas? As consultorias têm papel fundamental neste processo. Pelo menos aquelas que não tem rabo preso com os fornecedores de tecnologia. Nem toda empresa precisa de uma consultoria, mas com certeza irá precisar do planejamento.
Querem exemplos?
Um dos fundadores de uma grande empresa fornecedora de tecnologia para lojas virtuais, em uma Live comentou que está ajudando outra grande empresa varejista nacional de brinquedos a se tornar Omnichannel em 5 dias. Olha se ela está se tornando Omnichannel só agora, já temos um problema. Este varejista na verdade se enrola em seus próprios problemas internos há 2 anos e a tal garganteada integração em 5 dias via tecnologia não passa de uma falácia. Qualquer estratégia ou operação Omnichannel, por mais descomplicada que seja, não se faz da noite para o dia. Ela não é baseada tão somente em tecnologia. Envolve pessoas, treinamento, operação de lojas físicas, planejamento de compras, abastecimento, melhorias no ERP, planejamento fiscal e tributário, etc e tal. Considerando que esta rede opera na grande maioria em Shoppings centers, temos ainda o ajuste da operação com as docas dos Shoppings, acertos comerciais (lembrando que o faturamento é da loja física no pick up ou ship from), políticas de remuneração dos vendedores, etc e tal.
Posso apostar também que você leitor já está cansado das propagandas de implantação de e-commerce em 15 dias a custo zero. Imersão total, exponencial, gatilhos mentais da Transformação Digital. Como se fosse um botão que pudesse ser apertado agora e tu já sai vendendo horrores pela Internet e transformado digitalmente.
Este simplismo proposital é irresponsável. Um desserviço para o empresariado. Serve apenas aos propósitos dos fornecedores, que por sua vez não tem nenhum comprometimento com o resultado do seu negócio. Se não deu certo é porque você não fez o curso direito.
Então cuidado com as promessas dos Gurus de camisetas pretas e das empresas de tecnologia. Eles estão apenas quebrando seus próprios galhos.
O post O simplismo proposital e a irresponsabilidade dos fornecedores. apareceu primeiro em E-Commerce Brasil.
Na próxima semana farei mais um review com depoimento e resenha sobre O simplismo proposital e a irresponsabilidade dos fornecedores.. Espero ter ajudado a esclarecer o que é, como usar, se funciona e se vale a pena mesmo. Se você tiver alguma dúvida ou quiser adicionar algum comentário deixe abaixo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário